RESULTADOS

Ao final da realização do protocolo com os grupos submetidos à eletroestimulação subcutânea (grupo 1) e o grupo controle (grupo 2), totalizando 62 pacientes, foi constituída uma planilha com os dados de cada paciente, tendo sido anotadas as diferentes variáveis estudadas.

Por facilidade operacional e para permitir a análise estatística pelo software SPSS for Windows, as variáveis receberam denominações abreviadas, conforme as legendas abaixo:

5.1. Comparação entre os dois grupos

A primeira análise realizada teve como objetivo comparar os grupos para cada escala e o índice aplicado antes e depois do tratamento. As Tabelas 5.1.a e 5.1.b mostram os ranks (média e somatória para cada grupo) e o teste U de Mann-Whitney realizado, respectivamente.

Podemos observar que os dois grupos não apresentaram diferença estatisticamente significativa para cada escala ou índice aplicado.

Estes resultados indicam que os grupos partiram em situação de igualdade quanto às avaliações neurológicas e funcionais, e que também chegaram a condições semelhantes depois de aplicada a eletroestimulação subcutânea (grupo 1) e a simulação de eletroestimulação (grupo 2).

Tabela 5.1.a. Preparação das variáveis para cada grupo (1 e 2), utilizadas na montagem do teste U de Mann-Whitney.

Tabela 5.1.b- Teste U de Mann-Whitney entre os grupos 1 e 2 para as diferentes variáveis em estudo, mostrando que não há diferença entre estes dois grupos (p > 0,05)

5.2. Estudo da diferença entre a avaliação inicial e final para as escalas e índices neurológicos e funcionais

Com o objetivo de analisar o efeito obtido pela aplicação da eletroestimulação subcutânea no grupo terapêutico (grupo 1), obteve-se a diferença entre o valor da avaliação final e inicial, denominada pela sigla DIF seguida da abreviatura da escala ou índice neurológico e funcional. Esta diferença foi calculada também para o grupo controle (grupo 2).

Para verificar se esta diferença (DIF) apresentava variação estatisticamente significativa entre os grupos terapêutico (grupo 1) e controle (grupo 2), utilizou-se o teste U de Mann-Whitney, com nível de significância de 5% ( =0,05).

As Tabelas 5.2.1.a e 5.2.1.b apresentam os resultados obtidos. Observa-se o efeito estatisticamente significativo da intervenção pela estimulação subcutânea no grupo terapêutico (grupo 1) quando comparado com o grupo controle (grupo 2), detectado pela escala NIHSS (p=0,042) e pelo subgrupo NIH8 sensorial (p=0,035).

Tabela 5.2.1.a- Preparação dos dados para o teste U de Mann-Whitney comparando os valores obtidos pelo cálculo da diferença entre a avaliação final e inicial dos grupos terapêutico (grupo 1) e controle (grupo 2)

Tabela 5.2.1.b- Teste U de Mann-Whitney para a análise da diferença entre os grupos terapêutico e controle antes e depois da aplicação do protocolo

5.3. Estudo da evolução do grupo controle (grupo 2)

O grupo de pacientes sorteados para a simulação terapêutica (grupo controle) foi analisado para cada escala e índice antes e depois de aplicada a eletroestimulação simulada.

Para verificar se houve alteração significativa entre o momento posterior e o anterior, foram utilizados o teste de Wilcoxon e o teste do sinal (Sign Test), apresentados nas tabelas 5.3.a, 5.3.b e 5.3.c.

Podemos observar que a aplicação da eletroestimulação simulada não modificou a avaliação obtida pelas escalas e índices funcionais e neurológicos, sendo portanto mantido o quadro de seqüelas anterior, inalterado para o grupo controle.

Tabela 5.3.a- Preparação da análise da diferença entre as variáveis estudadas antes e depois da aplicação terapêutica simulada para o grupo controle (grupo 2) (teste de Wilcoxon e Sign Test)

Tabela 5.3.b- teste de Wilcoxon para a diferença das escalas e índices antes e depois da simulação terapêutica (grupo 2), evidenciando não haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p>0,05)

Tabela 5.3.c- Sign Test para a diferença das escalas e índices antes e depois da simulação terapêutica (grupo 2), evidenciando não haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p>0,05)

5.4. Estudo da evolução do grupo terapêutico (grupo 1)

O grupo de pacientes sorteados para a eletroestimulação subcutânea (grupo terapêutico) foi analisado para cada escala e índice antes e depois de aplicada a terapia.

Para verificar se houve alteração significativa entre o momento posterior e o anterior, foram utilizados o teste de Wilcoxon e o teste do Sinal (Sign Test), apresentados nas tabelas 5.4.a, 5.4.b e 5.4.c.

Podemos observar que a aplicação da eletroestimulação terapêutica modificou a avaliação obtida pela escala NIHSS e para a subdivisão NIH6B (membro inferior direito).

No teste de Wilcoxon obteve-se p=0,004 para NIHSS e p=0,014 para NIH6B.

No Sign Test obteve-se p<0,001 para NIHSS e p=0,031 para NIH6B.

Vale ressaltar o grande número de empates verificados nesta análise (Tabela 5.4.a). Nestes testes estatísticos, os empates são eliminados da análise, reduzindo o tamanho da amostra avaliada.

Tabela 5.4.a- Preparação da análise da diferença entre as variáveis estudadas antes e depois da aplicação da eletroestimulação subcutânea para o grupo terapêutico (grupo 1)
(teste de Wilcoxon e Sign Test)

Tabela 5.4.b- Teste de Wilcoxon para a diferença das escalas e índices antes e depois da eletroestimulação subcutânea do grupo terapêutico (grupo 1), evidenciando haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p<0,05) para a escala NIHSS e NIH6B

Tabela 5.4.c- Sign Test para a diferença das escalas e índices antes e depois da eletroestimulação subcutânea do grupo terapêutico (grupo 1), evidenciando haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p<0,05) para a escala NIHSS e NIH6B

5.5. Estudo da evolução do grupo controle (grupo 2) tratado posteriormente, somado ao grupo terapêutico (grupo 1).

Ao grupo de pacientes sorteados para a eletroestimulação simulada (grupo controle), foi aplicada a terapêutica como para o grupo terapêutico, constituindo um terceiro grupo que foi analisado em conjunto com o grupo 1 para cada escala e índice antes e depois de aplicada a terapia.

Para verificar se houve alteração significativa entre o momento posterior e o anterior, foram utilizados o teste de Wilcoxon e o teste do Sinal (Sign Test), apresentados nas tabelas 5.5.a, 5.5.b e 5.5.c.

Podemos observar que a aplicação da eletroestimulação terapêutica neste grupo Total (grupo 3 + grupo 1) modificou a avaliação obtida pela escala NIHSS e para a subdivisão NIH6B (membro inferior direito), à semelhança do que foi obtido para o grupo 1 isoladamente.

No teste de Wilcoxon obteve-se p=0,006 para NIHSS e p=0,003 para NIH6B.

No Sign Test obteve-se p=0,002 para NIHSS e p=0,004 para NIH6B.

Novamente, cabe ressaltar o grande número de empates verificados nesta análise (Tabela 5.5.a).

Tabela 5.5.a- Preparação da análise da diferença entre as variáveis estudadas antes e depois da aplicação da eletroestimulação subcutânea para os grupo 3 somado ao grupo 1 ( teste de Wilcoxon e Sign Test)

Tabela 5.5.b- Teste de Wilcoxon para a diferença das escalas e índices antes e depois da eletroestimulação subcutânea para os grupo 3 somado ao grupo 1, evidenciando haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p<0,05) para a escala NIHSS e NIH6B

Tabela 5.5.c- Sign Test para a diferença das escalas e índices antes e depois da eletroestimulação subcutânea para os grupo 3 somado ao grupo 1, evidenciando haver diferença significativa entre os dois momentos de avaliação (p<0,05) para a escala NIHSS e NIH6B

5.6. Estudo complementar para a diferença de gênero, idade, anos após ictus e hemicorpo afetado para o grupo total (grupo 1 + grupo 3).

Depois de avaliar as escalas e índices para o conjunto tratado pela eletroestimulação subcutânea (grupo 1 + grupo 3), surgiu o interesse de verificar se haveria influência de outras variáveis no resultado final da aplicação da terapêutica proposta.

Assim sendo, os 59 pacientes tratados ao final do protocolo foram agrupados por sexo (feminino=1; masculino=2), idade (<51 anos=1; = 51 anos=2), anos após o ictus (= 7 anos=1; >7anos=2) e hemicorpo afetado (direito=1; esquerdo=2).

Para cada variável, aplicou-se o teste U de Mann-Whitney com o objetivo de determinar se havia diferença entre cada grupo resultante da categorização acima proposta, quanto às escalas e índices neurológicos e funcionais, destacando-se dentro da NIHSS o subgrupo NIH5B e NIH6B.

Na Tabela 5.6.1 podemos observar que não houve diferença estatisticamente significativa entre os pacientes do sexo feminino e masculino para as escalas neurológicas e funcionais quando aplicado o tratamento.

Tabela 5.6.1- Teste U de Mann-Whitney para a variável sexo

Na Tabela 5.6.2 podemos observar que houve diferença estatisticamente significativa entre pacientes com tempo de evolução menor e igual a sete anos após o ictus para o subgrupo de NIH5B (membro superior direito) quando aplicado o tratamento (p=0,02).

Tabela 5.6.2- Teste U de Mann-Whitney para a variável anos após ictus

Na Tabela 5.6.3 podemos observar que houve diferença estatisticamente significativa entre pacientes agrupados por hemicorpo acometido (direito ou esquerdo) para o subgrupo de NIH6B (membro inferior direito) quando aplicado o tratamento (p=0,013).

Tabela 5.6.3- Teste U de Mann-Whitney para a variável hemicorpo acometido

Na tabela 5.6.4 podemos observar que não houve diferença estatisticamente significativa entre pacientes agrupados por idade (p>0,05).

Tabela 5.6.4- Teste U de Mann-Whitney para a variável idade

5.7. Análise dos resultados da cintilografia de perfusão cerebral (SPECT)

Com o objetivo de verificar se havia diferenças na perfusão cerebral entre os grupos terapêutico e controle pela cintilografia (SPECT), foram selecionadas as áreas 2 e 3 dos cortes tomográficos, por serem irrigadas pela artéria cerebral média, e também a área total dos hemisférios. Destas áreas foram calculadas as porcentagens da relação de perfusão do lado preservado e do lado afetado (RL2, RL3 e RLT, respectivamente).

Inicialmente, foram comparados os grupos 1 e 2 antes da aplicação do protocolo. As tabelas 5.7.1.a e 5.7.1.b não mostram diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos.

Tabela 5.7.1.a- Preparação dos resultados de diferentes cortes tomográficos por SPECT para cada grupo (1 e 2), utilizado na montagem do teste U de Mann-Whitney

Tabela 5.7.1.b- Teste U de Mann-Whitney entre o grupo 1 e 2

Para analisar o efeito da terapêutica proposta contra o grupo controle, calculou-se a diferença da relação da perfusão das áreas dos hemisférios antes e depois da aplicação do protocolo para cada grupo. Utilizou-se o teste de Wilcoxon e Sign Test para verificar a significância estatística.
As tabelas 5.7.2.a, 5.7.2.b e 5.7.2.c mostram os resultados obtidos, revelando que não houve mudança estatisticamente significativa da perfusão cerebral neste tipo de seleção de cortes tomográficos.

Tabela 5.7.2.a- Preparação da análise da diferença entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1) e simulada (grupo 2) (teste de Wilcoxon e Sign Test)

Tabela 5.7.2.b- Teste de Wilcoxon entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1) e simulada (grupo 2)

Tabela 5.7.2.c- Sign Test entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1) e simulada (grupo 2)

Para analisar o efeito da terapêutica proposta em uma amostra maior, somou-se o grupo terapêutico (grupo 1) com o grupo controle tratado posteriormente (grupo 3), e calculou-se a diferença da relação da perfusão das áreas dos hemisférios antes e depois da aplicação do protocolo para cada grupo. Utilizaram-se o teste de Wilcoxon e Sign Test para verificar a significância estatística.

As tabelas 5.7.3.a, 5.7.3.b e 5.7.3.c mostram os resultados obtidos, revelando que também não houve mudança estatisticamente significativa da perfusão cerebral neste tipo de seleção de cortes tomográficos.

Tabela 5.7.3.a- Preparação da análise da diferença entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1 + grupo 3) (teste de Wilcoxon e Sign Test)

Tabela 5.7.3.b- Teste de Wilcoxon entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1 + grupo 3)

Tabela 5.7.3.c- Sign Test entre a relação de perfusão avaliada por SPECT antes e depois da aplicação terapêutica (grupo 1 + grupo 3)

 

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