DISCUSSÃO
O acidente
vascular cerebral (AVC) é uma ocorrência clínica
de impacto sobre as unidades e os serviços de saúde,
quer seja pelo grande número de doentes quer pelos gastos relacionados
com as tentativas de recuperação funcional neurológica
que, via de regra, é variável e de pequena monta.
A avaliação
do déficit neurológico, realizado nas fases iniciais
e tardias do AVC, permite certa previsão sobre o grau de recuperação
esperado na evolução. Apesar da necessidade de se definir
o prognóstico funcional em pacientes com acidente vascular
cerebral, com um déficit motor inicial específico, é
importante reconhecer a natureza múltipla das variáveis
que podem determinar o nível funcional final.
A melhora
física funcional ocorre nos primeiros três a seis meses,
porém a recuperação tardia também pode
ser observada de modo freqüente (ANDREWS et al., 1981, SARNO;
LEVITA, 1981, SKILBECK et al., 1983, BJORNEBY; REINVANG, 1985). Outros
autores afirmam que seis meses após o ictus, nenhuma recuperação
espontânea será obtida (GOMES et al., 2001). No entanto,
na população geral, não selecionada, aproximadamente
20 a 30% de pacientes com AVC têm recuperação
neurológica completa (GRESHAM et al., 1975, GOMES et al., 2001).
Os pacientes com o mesmo grau de envolvimento neurológico,
que se submetem a um programa de reabilitação completo,
obtêm recuperação melhor do que aqueles que não
o fazem (GOMES et al., 2001). Também é verdade que os
pacientes com mais de seis meses de evolução a partir
do ictus, quando já nenhuma recuperação espontânea
adicional é esperada, podem apresentar melhoras significante
depois de um programa de reabilitação (BLOCH; BAYER,
1978). Tais ganhos funcionais são mais observados no desempenho
de atividades de vida diária e na mobilidade. Porém,
até o presente, não há nenhuma evidência
de que a reabilitação melhore a recuperação
neurológica.
Todavia,
como o objetivo final da reabilitação é alcançar
uma recuperação funcional segura, independente, satisfatória
e de altos níveis funcionais, mesmo nos seguimentos a longo
prazo, acreditamos que sua aplicação e a análise
crítica dos dados disponíveis permitirão um melhor
conhecimento que certamente contribuirá para a redução
dos custos totais da abordagem reabilitacional.
A experiência
diária evidencia a possibilidade da melhora clínica
e funcional em alguns casos crônicos de longa evolução.
Dependendo do estímulo aplicado, resultados como os observados
em nossa experiência clínica, podem ser alcançados.
A descrição
eletrofisiológica foi usada para explicar o uso da acupuntura
no couro cabeludo. Em 1970, CHIAO descreveu-a para o tratamento das
seqüelas do AVC (CHIAO, 1982).
A acupuntura escalpeana apareceu como um método terapêutico
inovador capaz de tratar doenças cerebrais ou viscerais relacionadas
ao córtex cerebral. Este método consiste na introdução
de agulhas no tecido subcutâneo do couro cabeludo em áreas
funcionais correspondentes ao córtex cerebral (CHIAO, 1982,
CHIAO, 1984).
De 1970 até 1975, algumas doenças como o AVC isquêmico
e suas seqüelas, a hemorragia cerebral, a hipertensão,
a coréia, a doença de Parkinson e a enurese noturna
em crianças foram tratadas com esta técnica (CHIAO,
1982, CHIAO, 1984).
Desde 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
considera a paresia pós AVC como uma condição
clínica possível de tratamento pela acupuntura.
Os trabalhos
da literatura demonstram: 1) a eficácia tanto da estimulação
sensorial através de agulhas como da estimulação
elétrica em determinadas áreas do corpo e do couro cabeludo
na recuperação funcional de doentes com AVC agudo (NAESER
et al., 1992, HU et al., 1993) no que diz respeito à melhora
em diversos parâmetros clínicos e funcionais; 2) a redução
dos custos operacionais dos doentes; 3) a avaliação
criteriosa e científica através de estudo duplo-cego
e 4) a mensuração clínica através de escalas
funcionais e de imagem.
Apesar
disso, são poucos os estudos controlados randomizados encontrados
na literatura, principalmente na área da acupuntura, na qual
se observa predomínio de relatos de casos considerados anedóticos.
Concordamos, portanto, com NAESER et al. (1992) sobre a necessidade
de estudos controlados, uma vez que a melhora espontânea também
pode ocorrer.
Deste
modo, no presente trabalho tentamos verificar o efeito da estimulação
elétrica sub-cutânea no couro cabeludo, na recuperação
funcional de doentes com AVC isquêmico, na sua fase crônica
de evolução, quando a recuperação espontânea
já não é esperada. Correlacionamos os achados
clínicos neurológicos e funcionais com as alterações
da "área fria", medida através da cintilografia
de perfusão cerebral (SPECT).
Assim
como SÄLLSTRÖM et al. (1996) estudamos pacientes adultos
com AVC. A escolha do grupo etário (20 a 65 anos) foi baseada
nos estudos de POHJASVAARA et al. (1997), que demonstram que acima
de 70 anos a maioria dessa população tem certo grau
de incapacidade e dependência, os pacientes com AVC tornam-se
então mais dependentes e incapacitados após o ictus.
Diferentemente
de SÄLLSTRÖM et al. (1996), excluímos os pacientes
com AVC hemorrágico. Optamos por restringir a nossa amostra
apenas a pacientes com AVC isquêmico, para estudar uma população
mais homogênea. Além do que levamos em conta a opinião
de vários mestres chineses que contra-indicam a realização
de acupuntura nos casos de AVC hemorrágico, devido ao risco
potencial de aumento do sangramento, mesmo considerando que este fenômeno
poderia ser minimizado. Também excluímos pacientes com
hemorragia sub-aracnoídea e com outras doenças e fatores
agravantes que poderiam tornar a nossa amostra ainda mais heterogênea.
Excluímos pacientes em uso de marca-passo cardíaco de
demanda, devido à sua contra indicação quando
do uso de estimulação elétrica.
Apesar
da discordância de opiniões, consideramos importante
a padronização dos pontos de acupuntura, visando facilitar
a possibilidade de reprodução do estudo por outros pesquisadores.
Quanto
ao tempo de aplicação, seguimos SÄLLSTRÖM
et al. (1996) que recomendam a duração de 30 minutos
para cada aplicação. Optamos por realizar as sessões
duas vezes por semana, durante dez semanas.
Apesar do conceito de SÄLLSTRÖM et al. (1996) de que a "acupuntura
placebo" também pode representar um tipo de acupuntura,
que quando aplicada poderia falsear os resultados, apesar disso, optamos
por constituir um grupo controle com "acupuntura placebo",
da mesma forma que NAESER et al. (1992). Seguindo a metodologia desses
autores, também realizamos o "tratamento real" após
o final do estudo.
Além dos pontos da acupuntura clássica, NAESER et al.
(1992) também utilizaram a estimulação elétrica
de baixa freqüência de 1 a 2Hz no couro cabeludo através
de quatro a cinco agulhas inseridas ao longo da linha do córtex
motor, no lado do hemisfério isquêmico. No nosso estudo,
optamos por abranger as áreas do córtex sensitivo, assim
como as diversas áreas de associação, baseados
na experiência clínicas de autores chineses, por acreditarmos
que tais estímulos são capazes de promover um efeito
terapêutico adicional. Diferindo de outros autores, nosso objetivo
terapêutico foi o de promover o maior grau de melhora funcional
e neurológica possíveis, não nos restringindo
apenas ao fenômeno motor da hemiparesia. Julgamos que a associação
de áreas é importante e está fundamentada nos
trabalhos já propostos pela neurologia, nos quais fica clara
a participação de mais de uma área encefálica
na execução final da volição. Estas projeções
são assim definidas conforme as manifestações
clínicas de cada doente.
Da mesma
forma que NAESER et al. (1992), também fizemos questão
da avaliação dos resultados ser executada por "examinadores
cegos", isto é que desconheciam a randomização
e o tratamento recebido. As avaliações cegas foram realizadas
antes do início do tratamento e ao final do mesmo, como preconizado
por NAESER et al. (1992) e SÄLLSTRÖM et al. (1996).
Escolhemos
as escalas funcionais já utilizadas na Clínica Neurológica
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, porque os "avaliadores cegos" já
estavam familiarizados com as escalas e elas já se encontram
validadas em nosso meio. Há outras escalas funcionais de qualidade
de vida e de atividades de vida diária utilizadas por outros
autores.
A avaliação
da acupuntura no tratamento de seqüelas do AVC foi relatada por
NAESER et al. (1992) que comparam o efeito da acupuntura manual associada
com a eletroacupuntura com um grupo controle para o tratamento da
paralisia em pacientes com AVC agudo com um grupo controle submetido
à fisioterapia Nesse estudo controlado randomizado, como o
nosso, eles demonstram que a acupuntura é eficaz. NAESER et
al. (1992), também demostram que a tomografia computadorizada
pode predizer quais pacientes podem ter mais benefícios do
tratamento.
Já JOHANSSON et al. (1993) demonstram que a excitação
sensorial por acupuntura promove resultados funcionais superiores
à fisioterapia e à terapia ocupacional convencionais
em pacientes com AVC isquêmico grave. Os pacientes tratados
pela acupuntura recuperam mais rapidamente e com um resultado funcional
melhor que o do grupo controle, com diferenças estatisticamente
significantes no que diz respeito à mobilidade, deambulação
e equilíbrio. Conseqüentemente, há uma redução
do acompanhamento domiciliar de enfermagem e de unidades de reabilitação
para o cuidado destes pacientes, o que implica na redução
direta dos custos calculada em US$26.000 por paciente.
HU et al. (1993) realizam um estudo controlado randomizado para avaliar
a eficácia do tratamento do AVC agudo com acupuntura. Os achados
destes autores confirmam os nossos resultados e os de NAESER et al.
(1992) e JOHANSSON et al. (1993) de que a acupuntura é eficaz
para a recuperação de pacientes com AVC.
SÄLLSTRÖM et al. (1996) comparam os efeitos da acupuntura
com um programa de reabilitação para a recuperação
de pacientes com AVC na fase subaguda. Eles demonstram os benefícios
do tratamento adicional com acupuntura para a recuperação
da função motora e das atividades de vida diária
(AVD), evidenciando que são estatisticamente significantes
quando comparados ao grupo controle. Os autores também mostram
que a acupuntura aumenta a recuperação até mesmo
quando o tratamento é iniciado três meses depois do ictus.
Nosso estudo foi o primeiro a comparar a eficácia da estimulação
elétrica no couro cabeludo em fases crônicas de AVC isquêmico.
Nossos resultados foram semelhantes aos observados por outros investigadores
(HU et al., 1993, NAESER et al., 1992, JOHANSSON et al., 1993) que
avaliam a melhora clínica de capacidades funcionais após
o tratamento de eletroacupuntura nas fases aguda e subaguda. Nós
observamos uma melhora nas medidas de avaliação neurológica
da NIHSS. As escalas de avaliação funcionais empregadas
em nosso estudo não mostraram sensibilidade o bastante para
detectar pequenas modificações na função.
Tanto os pacientes assintomáticos como também os gravemente
incapacitados foram excluídos do estudo. Deste modo mudanças
drásticas não poderiam ocorrer.
Cabe
ressaltar os comentários de BOBATH (1978), com os quais concordamos
plenamente, de que a avaliação das capacidades funcionais
do paciente é limitada no sentido de fornecer informações
quantitativas e não qualitativas. Tais escalas de avaliação,
infelizmente, não fornecem informações sobre
a qualidade ou a melhora da função do lado afetado,
mas somente uma indicação geral de que atividade o paciente
pode realizar como um todo, com ou sem a utilização
de seus membros afetados. Além do mais, a avaliação
das atividades funcionais não dá, por si só,
qualquer indicação de como as tarefas são efetuadas,
do quanto de cada atividade é realizada com o lado afetado.
Estes tipos de escalas são projetados para avaliar a capacidade,
por mais anormal que esta possa ser, ao invés de avaliar a
qualidade da função, daí a dificuldade na avaliação
da qualidade de melhora obtida.
YOUNG et al. (1999) usam outras escalas funcionais, a de Fughl-Meyer
e a FIM (Functional Independence Measure), para a avaliação
da efetividade da acupuntura clássica na melhora do padrão
motor em pacientes hemiplégicos pós AVC cortical isquêmico.
Encontram melhora estatisticamente significante, mas, infelizmente,
estas escalas ainda não foram validadas em nosso meio.
Acreditamos ser fundamental a avaliação isolada de pequenos
ganhos funcionais. No estudo de NAESER et al. (1992), melhoras de
pelo menos 10% podem ser observadas em pelo menos duas de sete tarefas
motoras nos pacientes que recebem acupuntura real. Acreditamos que
este tipo de melhora não poderia ter sido identificada, se
somente escalas grosseiras da avaliação global dos pacientes
fossem realizadas.
Outro
aspecto a ser considerado na interpretação de nossos
achados foi que uma porcentagem de nossos pacientes já apresentava
uma contagem máxima nas escalas funcionais, em todas as avaliações
realizadas. Deste modo, ganhos adicionais não puderam ser evidenciados
nesses pacientes.
Novas
investigações devem ser realizadas empregando outras
escalas capazes de discriminar pequenas variações da
função, inclusive a da qualidade de vida e a do nível
de satisfação de paciente. Nossa observação
clínica demonstrou que os pacientes do grupo de controle informaram
melhora em sintomas subjetivos como a vertigem. Já o grupo
terapêutico informa sobre melhora durante atividades objetivas
como na amplitude de movimento, na força muscular, e principalmente
que os movimentos tornaram-se mais fáceis para serem executados.
Acreditamos
que estes fenômenos podem sugerir uma redução
na espasticidade que não foi avaliada diretamente através
dessas escalas. Concordamos com BOBATH (1978) que a espasticidade
interfere no funcionamento motor normal da hemiplegia do adulto. Novos
estudos deveriam avaliar especificamente a espasticidade, incluindo
a análise de marcha e os estudos eletroneuromiográficos
de superfície.
Nosso estudo demonstrou ainda que quanto mais precoce o tratamento
com a estimulação elétrica no couro cabeludo,
melhores os resultados obtidos. Nos pacientes crônicos do AVC
concordamos com os comentários de LIN et al. (1999) que a acupuntura
é capaz de promover a recuperação funcional de
pacientes com AVC. Nossos achados também evidenciaram melhores
resultados nas fases mais precoces do AVC crônico.
Concordamos
com os comentários de NAESER et al. (1992) que a estimulação
elétrica realizada nos pontos do couro cabeludo aumenta o fluxo
sangüíneo cerebral em alguns pacientes com AVC, mas não
em controles normais. As alterações no fluxo sangüíneo
cerebral são produzidas por mudanças na atividade neuronal
metabólica basal. Deste modo, acreditam assim como nós,
que as alterações do fluxo sangüíneo cerebral
possam servir como marcadores dos processos fisiológicos que
promovem as alterações funcionais nas estruturas parcialmente
lesionadas. Bem lembrado por NAESER et al. (1992), com os quais concordamos
totalmente, nos hospitais chineses que praticam a acupuntura de rotina
em pacientes com AVC, esperam-se pelo menos de duas a três semanas
após o ictus de casos hemorrágicos, para iniciar o tratamento
com acupuntura, a fim de proteger o paciente de possível aumento
no sangramento cerebral.
Os padrões
de recuperação espontâneos naturais seguem uma
sucessão estereotipada de eventos, nos quais a recuperação
funcional dos membros inferiores ocorre de modo mais completo e em
fases mais precoces, seguidos pelos membros superiores e mãos.
O retorno do tônus muscular normalmente precede a recuperação
dos movimentos voluntários. Já o controle proximal precede
o distal e os padrões de movimento em bloco, denominados sinergísticos,
precedem a função motora isolada volicional coordenada
(TWITCHELL, 1951, GOWLAND et al., 1993). Em nosso estudo, observamos
o mesmo achado. Por outro lado, no nosso estudo houve uma melhora
estatisticamente significativa, especialmente do membro inferior direito,
após o tratamento proposto, mesmo na fase crônica.
Nenhum
paciente estudado em nossa casuística desistiu do tratamento.
Fato que sugere que a aderência ao tratamento foi excelente
(100%), assim como a aceitação do método por
parte dos pacientes.
No desenvolvimento
tecnológico da Medicina Nuclear, o SPECT cerebral HMPAO, marcado
com 99mTc, é um método importante estabelecido em Neurologia,
Psiquiatria, Medicina Interna com o objetivo de diagnosticar e acompanhar
distúrbios degenerativos do Sistema Nervoso Central, particularmente
se algum dano celular funcional estiver envolvido. Durante episódios
isquêmicos do AVC, o SPECT permite a identificação
das áreas afetadas pelo processo celular degenerativo. Quando
sua função está diminuída ou completamente
destruída, o agente radiofarmacológico liposolúvel
específico não é captado, gerando assim uma "imagem
fria" que é visualizada nos cortes tomográficos
coronal, sagital e transversal. O SPECT também pode fornecer
informações sobre o tamanho da lesão, condições
de reperfusão, mudanças remotas e a capacidade do tecido
acometido em manter o agente radioativo por um período curto,
que pode representar um indicador de vitalidade de tecido (BOLWER,
1996). Ainda é possível ter dados representativos de
quantificação relativa entre as projeções
de volumes diferentes.
Muitos autores (LEE et al., 1984, DEFER et al., 1987, BUSHNELL et
al., 1989, HAYMAN et al., 1989, LAUNES et al., 1989, MOUNTZ, 1989,
GIUBILEI et al., 1990, LIMBURG et al., 1990, LIMBURG et al., 1991)
mostram o possível papel do SPECT como um indicador útil
do prognóstico em pacientes com AVC isquêmicos. Baseados
nestes achados, decidimos, então, usar esta tecnologia na tentativa
de detectar, de modo objetivo, modificações na área
fria após a estimulação elétrica do tecido
subcutâneo do couro cabeludo.
Nossos
achados, entretanto, não demonstraram modificações
significantes comparando as imagens pré e pós-tratamento
no grupo de controle. SPECT não foi o teste ideal para quantificar
a lesão cerebral devido aos aspectos subjetivos que estão
envolvidos na interpretação dos dados. Alguns passos
da avaliação do SPECT não puderam ser padronizados
como também as influências subjetivas, como a seleção
do corte tomográfico ideal para análise, provavelmente
devido à subjetividade da escolha do corte tomográfico
a ser analisado. Sugerimos para um estudo posterior, a continuação
da avaliação da análise da imagem gerada pelo
SPECT, utilizando o Estatistical parametic mapping - método
totalmente automatizado para análise pixel a pixel - entre
um grupo ou entre uma pessoa versus voluntários normais que
já vem sendo realizada sob a coordenação do Prof.
Dr. Geraldo Busatto, docente do Departamento de Psiquiatria da FMUSP.
Este método de análise de imagens tomográficas
elimina o subjetivismo e analisa todos os cortes em todos os ângulos.
Outro
aspecto a ser investigado é a aplicabilidade da acupuntura
escalpeana e seus benefícios em pacientes agudos, avaliando
a mudança de prognóstico contra o grupo controle.
Consideramos
que embora a recuperação funcional perceptual possa
acontecer de um modo mais expressivo nos primeiros três a seis
meses depois do início do AVC (HIER et al. 1983, MEERWALDT,
1983, KOTILA et al., 1986, EGELKO et al., 1989), algum grau de melhora
ainda pode ser observado até um ano depois do ictus, ou com
tempo de evolução maior, conforme demonstram os resultados
obtidos no presente trabalho após tratamento com estimulação
elétrica subcutânea, por agulhamento. No nosso estudo,
entretanto, observamos melhora na escala de avaliação
neurológica e não nas funcionais.
Concordamos
com os comentários de SÄLLSTRÖM et al. (1996) que
a acupuntura fornece um benefício adicional aos pacientes com
AVC. Demonstramos também que os pacientes com AVC apresentam
um potencial reabilitacional, mesmo nas fases mais avançadas
e crônicas da doença, que deve, sem dúvida, ser
explorado.
Os resultados
obtidos até o momento do fechamento deste texto apontam para
uma promissora aplicação deste método proposto
como parte do arsenal terapêutico disponível para a recuperação
de pacientes com seqüelas de AVC isquêmico.
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